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FLUTUES

FluTuES - Fluxos Turbulentos no Espírito Santo Universidade de São Paulo - USP Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

     O Centro de Refência Náutica "Almirante Tamandaré" CRNAT, solicitou autorização da Prefeitura Municipal de Vila Velha, (CONSULTA PRÉVIA), para a instalação de uma Base Avançada Experimental de Auxílio à Pesquisa FluTuES - Fluxos Turbulentos no Espírito Santo.

 

     Este projeto tem como objetivo primeiro investigar a interação oceano-atmosfera através da determinação observacional direta e contínua dos fluxos verticais turbulentos de calor sensível, calor latente e de momento sobre na latitude -20,325414 e longitude -40,267104.

 

     Para tanto será instalada uma estação micrometeorológica, instrumentada com sensores de resposta rápida e lenta, localizada em privilegiado ponto na região litorânea. Os sensores de resposta rápida (anemômetro sônico e higrômetro de kriptônio) irão fornecer medidas de flutuações de velocidade, temperatura e umidade do ar. Os sensores de resposta lenta irão permitir a estimativa do comportamento médio das principais variáveis físicos tais como vento, temperatura do ar, umidade do ar, pressão, precipitação, radiação solar global e refletida, radiação de onda longa emitida pela atmosfera e superfície e temperatura da superfície do oceano. Essas medidas serão efetuadas de forma contínua durante um período mínimo de 2 anos para obter uma caracterização climatológica da interação oceano-atmosfera na região ao largo de Vitória, proporcionando uma previsibilidade sobre fenômenos extremos que venham afetar a região de Vila Velha e da Grande Vitória.

     Com o desenvolver do projeto, pretende-se também realizar de forma simultânea às medidas de superfície, sondagens dos perfis verticais de vento, temperatura e umidade na CLP, durante períodos curtos (2 semanas) em épocas representativas das condições climáticas locais distintas, com o objetivo de acoplar as informações de superfície com as de altitude nas mais variadas condições climáticas da região em questão. A estação micrometeorológica será fixada em uma posição geográfica onde o ar amostrado será, na maior parte do tempo, proveniente diretamente do oceano, estando, portanto, em equilíbrio com as condições oceânicas de mar aberto e sem sofrer grandes obstruções e alterações de origem mecânica ou térmica.

 

     Tendo em vista o caráter multidisciplinar das atividades de pesquisa relacionadas ao oceano e a atmosfera, acredita-se que o estabelecimento de uma Base Avançada Experimental Fixa trará benefícios não só ao projeto FluTuES, mas também para os demais projetos de pesquisa de diferentes áreas que poderão se agregar ao projetor no decorrer do seu desenvolvimento. A vinculação dessa base observacional à Universidade do Espírito Santo -UFES e a Universidade de São Paulo -USP confere ao FluTuES uma oportunidade ímpar de transferência de conhecimento acumulado e de treinamento de pessoal técnico operacional em uma área aonde existe uma grande carência, no Brasil, de pesquisadores e de pessoal técnico especializado.

 

     Por ter participação direta da UFES, além de desenvolver conhecimento científico através da publicação dos resultados em revistas científicas de alta qualidade internacional, pretendemos auxiliar na promoção e na divulgação local desses conhecimentos, científicos e técnicos difundido o saber através de palestras e publicações de mídia alternativa, rádio comunitária, e outras formas de comunicação.

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     A torre com os Instrumentos meteorológicos utilizados pela equipe do Projeto ETA (Estudo da Turbulência na Antártica), foi retirada da Estação Antártica Brasileira "Comandante Ferraz" devido ao início de reconstrução da base, destruída no incêndio de 2012.

     Mesmo após o incêndio, a equipe do projeto ETA mantinha os instrumentos de medição meteorológica ativos para coleta de dados na Ilha. O Projeto ETA foi concebido em 2010, dentro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártica de Pesquisas Ambientais (INCT-APA) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e tinha por objetivo estudar a micrometeorologia local da Antártica. A maioria dos dados relativos ao clima local são obtidos através de modelos numéricos e satélites, e geralmente precisam ser validados com informações obtidas na superfície.

 

     Entretanto, por ser uma região de difícil acesso, essa validação era escassa. Um dos objetivos do ETA era obter informações mais precisas, na superfície da Antártica, para calibrar modelos numéricos e validar os dados dos satélites. O principal foco do estudo, porém, eram os fluxos de calor e o balanço de energia que ocorrem na região. “A grande diferença desse projeto são esses fluxos turbulentos, que não são medidos com frequência”, afirma Jacyra Soares, coordenadora do projeto e docente do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas).

 

     Os fluxos de calor latente e calor sensível são medidas utilizadas para estimar o balanço total de energia de um sistema. Através dessas medidas, é possível estimar quanta energia disponível existe para os processos físicos – por exemplo, é possível determinar se existe energia disponível suficiente para que ocorra aquecimento ou resfriamento da atmosfera, chuvas, sublimação, entre outros.

 

     Esse total de energia disponível é chamado balanço de energia, e através de seu estudo, é possível identificar como ocorre a transferência de energia em um determinado sistema. No caso do ETA, Soares explica que seu foco era estudar o balanço de energia entre atmosfera e solo e, posteriormente, entre oceano e atmosfera: “A minha ideia era começar estudando a parte da atmosfera sobre o solo, e depois eu iria fazer medidas simultâneas sobre a atmosfera e o oceano. Então, saberia realmente como os fluxos se dão entre atmosfera e oceano, mas não consegui chegar nessa parte”.

 

     Os dados coletados pelo projeto sobre os fluxos de calor e o balanço de energia são de difícil obtenção, pois exigem um equipamento mais sofisticado do que os instrumentos meteorológicos comuns. “Esses dados são muito importantes, nunca tivemos esses dados nessa região da base brasileira. Mesmo aqui, em São Paulo, são difíceis de obter”, afirma Soares. Nesse sentido, o ETA coletava informações até então desconhecidas sobre a micrometeorologia da Antártica.

 

     O estudo do microclima da Antártica, além de contribuir para um maior conhecimento sobre a região, teria impacto sobre os modelos de previsão atmosférica de um modo geral. “Embora não trabalhe com larga escala, dou subsídios para o pessoal de larga escala, para o modelo ser melhor. Muitas vezes, faltam dados para calibrar esses modelos”, explica Soares. Como as massas de ar da atmosfera circulam por diversos locais, o clima de uma região frequentemente impacta vizinhos. No caso da Antártica, as massas de ar frio provenientes do continente atingem toda a América do Sul, podendo chegar até à Região Amazônica nos meses de inverno, de acordo com sua intensidade.

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